[MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] Sabemos que se hoje você anunciar sua sala de aula o dia da avaliação, a maioria dos alunos pensa numa prova e boa parcela deles sente frio na barriga. Você consegue imaginar dia que professor fale sobre avaliação com os alunos e a reação não seja apreensiva? É isso mesmo. A nossa proposta nessa aula é refletir o atual significado de avaliação e entender o porquê de sua realização e propôr novos significados nesse processo. No ambiente de ensino híbrido e personalizado, é fundamental que ocorra essa ressignificação do processo avaliativo. Afinal, passamos a contar com mais recursos para acompanhar o desenvolvimento do aluno relação aos conteúdos trabalhados. Assim, a avaliação deixa de ocorrer no fim do percurso da aprendizagem e passa a ocorrer ao longo desse processo. Seus resultados passam a prestar informações que ajudam ao educador a entervir na trajetória de aprendizagem do aluno para que ele tenha mais sucesso. Vamos, então, refletir sobre formas de avaliação que possibilitam momentos de personalização e que, dessa forma, contribuam para o desenvolvimento integral do estudante. Para isso, vamos analisar depoimentos, fazer estudos de caso e colocar tudo isso prática com o planejamento e aplicação dos planos de aula. Vamos começar? [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] >> Nessa parte da aula, vamos trazer algumas reflexões iniciais sobre a avaliação escolar com o objetivo de compreender como e com qual objetivo se avalia hoje dia. Convido o professor Eric, que faz parte do nosso grupo de pesquisa e leciona escolas do Rio de Janeiro a apresentar o tema e construirmos juntos essa reflexão. >> Obrigado pelo convite Lilian. Para refletirmos sobre avaliação, é importante pensarmos como se constitui a experiência escolar. Essa experiência é, essencialmente, marcada por ciclos. Os alunos são recebidos modelo seriado, que lhes permite desde muito novos notarem os ritmos regulares com que passam de bimestre a bimestre, boletim a boletim, por cada conjunto de informações e, ao completarem uma parte do currículo, retornam no ano seguinte para reiniciarem a mesma jornada uma etapa seguinte, caso tenham obtido sucesso. Ao professor, cabe a outra face da moeda dessa relação: estabelecer primeiro contato, deliniar métodos de trabalho e programas curriculares, apresentar a sua disciplina aos alunos e avançar pelos currículos e propostas até uma derradeira conclusão do ano, que é feita a seleção dos alunos habilitados ou não a prosseguirem para novo período de desafios. Como qualquer jornada regida por ciclos, os eventos que se repetem tornam-se quase rituais que demarcam as etapas de ano. A organização das turmas, a sequência dos bimestres ou trimestres, a entrega de notas, os conselhos de classe, os períodos de recuperação e assim por diante. Entre esses eventos rituais, a avaliação dos que carregam ainda mais significados, porque exatamente como o ritual de passagem, tem a função de habilitar ou reter aqueles que a ela se submetem, abalisando os alunos capacitados ou não ao início de novo ciclo ou avanço de mais uma etapa. Dentro dessa natureza cíclica, com repetidas avaliações de tempos tempos, é comum que isso se torne hábito e, consequentemente, uma inevitável naturalização. Ainda que o hábito naturalizando possa ter inúmeros atributos positivos, ele tende a ser destituído de crítica, inclusive aquela que constrói reflexões válidas. Propormos, então, a desnaturalização como método razoável de refletir criticamente sobre os desafios e questões que nos cercam no ambiente escolar. E, sem dúvida, dos desafios que precisamos refletir criticamente é sobre a avaliação. O hábito de verificar níveis de aprendizagem é uma das práticas mais comuns a escola e, apesar disse, tende a ficar retido a função aprovar e reprovar. À medida que o processo escolar foi sistematizado e ampliado, abarcando cada vez mais estudantes, a avaliação foi se consolidando como recursos exclusivamente seletivo. Por mais que se diversifique o método avaliativo, esse valor de avaliação como simples forma de seleção não foi rompido. De fato, a medida que avaliar se tornou uma maneira de liberar ou não alunos para avançar nos degraus de sua vida acadêmica, muitos casos, ocorre a reassociação da avaliação como último recurso punitivo, que o professor opta por endurecer na avaliação. A avaliação, portanto, está hoje aquém do seu verdadeiro potencial. Como método de verificação de aprendizagem, ela deve superar o binômio aprovação/reprovação e ser utilizada como instrumento de reorientação da prática pedagógica. Como já vimos, no ensino híbrido, temos o aluno no centro do processo de ensino e a avaliação também deve convergir para esse novo foco. Dessa maneira, não cabe enxergar a avaliação apenas como o momento da seleção dos alunos aptos ou não a seguir a diante. A avaliação deve assumir o propósito de verificar continuamente o processo de aprendizagem e, com os resultados obtidos, direcionar os próximos passos do aluno. >> Quando falamos reorientação da prática pedagógica, Eric, algumas questões podem ser levantadas. E você, professor, pode pensar sobre elas para refletir sobre o processo de avaliação sua escola. Como você planeja o processo de avaliação para a sua turma. Você e seus colegas têm espaço para discussão sobre esse processo e sobre a sua eficiência? A avaliação é feita no final dos bimestres, trimestres ou semestres, isto é, no final do processo ou do período planejado ou há uma preocupação de realizar uma avaliação também durante o processo? Mais cotidiana. E se há essa preocupação, como ela acontece na prática? O que você faz com os dados coletados na avaliação? De acordo com o Zabala, a avaliação precisa estar a serviço da aprendizagem. E podemos considerar, de maneira geral, que ela deve ser vista como uma avaliação formativa. Avaliamos os alunos diferentes momentos e com diferentes objetivos. Hora queremos saber como foi o resultado de trabalho pontual, hora precisamos saber os resultados de período mais longo de aula. Todas essas maneiras devem ter único objetivo: corrigir rotas para aprimorar o ensino para os nossos alunos. Isto é, a avaliação deve estar a serviço da aprendizagem. A avaliação diagnóstica é aquela que realizamos no início de ano letivo ou de período escolar, como também no início da apresentação de tema novo para sabermos o que os nossos alunos já sabem. Ela é muito importante, porque quanto mais você conseguir informações sobre o que o seu aluno já sabe de cada conceito que será desenvolvido, melhor você vai organizar o seu planejamento. Durante o desenvolvimento das aulas, também é necessário realizarmos avaliações. Com esses resultados é possível adequar o ensino conforme o aproveitamento dos alunos. Esse tipo de avaliação é chamada de avaliação reguladora. Ela é realizada durante o processo de desenvolvimento do conteúdo trabalhado e demonstra como os alunos estão se modificando direção aos objetivos planejados. Quais são os avanços conceituais da turma. Ao término de tópico, é preciso fazer uma avaliação somativa, verificando se os objetivos propostos para esse conteúdo foram atingidos. Nesses momentos, há a possibilidade de serem traçadas novas diretrizes de trabalho. Percebemos, assim, que a avaliação é uma ação contínua. É necessário monitorar a aprendizagem dos alunos para adequar o ensino. Precisamos abandonar alguns hábitos que reproduzem as mesmas aulas ano a ano para turmas diferentes e que não leva consideração que cada aluno possui percurso individual de aprendizagem. >> Podemos repensar a interface na qual a avaliação é realizada. Hoje dia, precisamos considerar que papel, lápis e caneta não são mais os recursos exclusivos para a realização de uma avaliação oficial. Hoje, também podemos contar com a tecnologia para viabilizar novos e distintos modelos de avaliação, como os sistemas de cooperação ou de registro individual de resultados, formas variadas de entrega e apresentação. A forma de entrega dos resultados da avaliação também passa por alterações, pois, entregues por meios digitais, podem ser quantificados e analisados de forma mais prática e objetiva. Por fim, com essas questões colocadas, percebemos que novo uso da avaliação pode, facilmente, suplantar a inércia da rotina escolar desde que ela seja pensada por professores e alunos como uma etapa da relação de ensino e seja utilizada verdadeiramente como uma forma de verificar lacunas no processo de aprendizagem que possam ser vencidas.